sábado, novembro 25, 2006

Noites de Magia

Sábado à noite estive a ver o programa de magia do Luís de Matos na RTP. Provavelmente devem estar a pensar que só uma criatura (muito) frustrada ou um eunuco passa tempo (ainda por cima a um Sábado à noite) a um programa de ilusionismo. E no fundo têm toda a legitimidade e razão em pensá-lo. Para a maioria de vocês passar um Sábado em frente à televisão é como ir a Fátima todos os anos, não vale a pena!
Indiferente ao que pensarão sobre a forma como ocupo os meus tempos livres, eis que me apraz contar-vos o que senti. No início foi um misto de nostalgia e indisposição. Nostalgia por me transportar aos meus anos de pré-adolescência em que assistia extasiado às manobras do David Copperfield. Indisposição porque na 6ª feira almocei numa cantina cuja higiene não está na lista das prioridades, provocando-me cólicas intestinais e febre.
Continuando, após este contacto inicial comecei a pensar se este tipo de programa ainda faz sentido nos dias que correm. Cheguei à conclusão faz.
O ilusionismo é intertemporal e as crianças, apesar de preferirem violência e pornografia, gostam sempre de ver truques (e a beleza das assistentes dos ilusionistas também ajuda à festa). A hora a que o programa passa (acaba quase às 2h manhã) é que vai ditar o seu insucesso. É tudo uma questão de desencontro entre oferta e procura. Para mim a magia é como o wrestling: quando somos mais novos e estúpidos adoramos, quando crescemos e nos tornamos menos estúpidos percebemos que estavamos a ser enganados, e deixamos de achar piada. Quando o Luís de Matos deixou para o final do programa o truque do “Tanque da tortura chinesa”, inventado por Houdini, que punha em risco a sua saúde (estava uma equipa do INEM dentro de uma ambulância à porta do teatro onde decorriam as gravações) ri-me como quando o Manuel Subtil se barricou nos WC’s da RTP (se calhar ri-me mais do Subtil mas isso também não é muito importante). Podem achar que sou demente mas quando vejo destas coisas espero sempre que o truque ganhe. Adorava ver o tanque a ganhar ao mago e terem de o tirar do tanque com dificuldades respiratórias porque as algemas eram mesmo verdadeiras. É como nas touradas, espero sempre que o touro enfie uma cornada no rabo do toureiro, ou que o cavalo atire o toureiro para o meio da arena e depois venha o touro e o atropele…
Mas voltando ao truque, quando dois agentes da PSP lhe colocaram as algemas antes de o colocarem no “Tanque da tortura chinesa” pensei: “quanto é que estes Srs. vão receber por colocarem as algemas no Luís?! Se eu fosse polícia, por uma questão de brio profissional, preferia fazer um gratificado no Colombo (50 euros por 4horas de patrulha). Pelo menos via as montras da Zara.

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